segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Bem vindos!!

Por mais que seja difícil iniciar algo novo, finalizar algo que se tenha começado também é complicado.

Aí já surge uma dúvida bem biológica. O que seria mais fácil? Nascer ou morrer?

O nascimento dispara uma carga de adrenalina tão intensa no organismo, que faz o coração bater como nunca bateu e nem baterá. Esse batimento intenso é o que possibilita o primeiro respirar.

Da mesma forma, a morte invade o corpo junto com uma incrível quantidade de dopamina, um neurotransmissor que  responsável pela sensação de prazer e relaxamento.

Um semestre morre.... outro nasce. Fecha-se um ciclo abre-se outro. A vida termina e começa novamente. Morte e nascimento. Decomposição e vida.

Para os novos (que nascem para a Biologia nesse semestre), eis que o ciclo se inicia. Sejam bem vindos e aproveitem o semestre. Algumas orientações: os materiais de aula podem ser encontrados no menu no canto direito, onde diz "MATERIAIS DE AULA". Qualquer dúvida, o e-mail ali ao lado também está à disposição.

Para os antigos (que morrem para a Biologia no semestre que foi), o ciclo continua. Foi um prazer e aproveitem o ciclo da decomposição e da continuidade da vida!
 

Até! =)

terça-feira, 23 de maio de 2017

WWW - Wood Wide Web

Olá pessoal, tudo bem?

Vocês devem conhecer aquela velha expressão: "ah, vai abraçar uma árvore..."

Pois é, e se eu dissesse que ela cada vez faz mais sentido se pensarmos na perspectiva da árvore? Sim... Pesquisadores estão descobrindo que as árvores, contrariamente ao que se pensava, não são organismos desprovidos de qualquer possibilidade de experimentar sensações táteis, sonoras e até mesmo se comunicar umas com as outras por uma rede semelhante à internet (world wide web) - agora entenderam o trocadilho no título da postagem?

Vale a pena dar uma espiada na notícia abaixo que apresenta o livro do engenheiro florestal alemão Peter Wohlleben, "A vida secreta das árvores". O livro foi publicado no ano passado e agora ganhou uma tradução para o português. Nas turmas de 3ª fase já comentei sobre a pesquisa dele e a mudança radical que ele traz na forma como vemos as plantas. 

Segue o link para a notícia publicada na Folha.com


Além disso, caso queiram dar uma "espiada" em alguns trechos do livro, deixei disponível aqui no blog (na página da 3ª fase), alguns dos capítulos que são bem curtos e escritos em uma linguagem bem poética. 

E aí, já abraçou sua árvore hoje?


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Notícias e discussão virtual 2ª fase

Olá pessoal segunda-faseano,

Como eu havia dito, podemos seguir a discussão sobre os trabalhos da biologia celular aqui no espaço virtual no blog.

Eu também havia comentado que existiam algumas notícias científicas reais que se aproximavam das teorias mirabolantes ficcionais de vocês. Compartilho algumas delas nos links abaixo:

Sobre as águas-vivas imortais (Texto de um amigo meu que é especialista em medusas)
Sobre a imortalidade (Texto em Inglês)
Sobre a lesma do mar que faz fotossíntese
Sobre o tubarão que "engravidou de si mesmo"
Sobre a criação de um embrião sem óvulo nem espermatozoide

Enfim, a discussão está aberta! Prometo estar presente e compartilhar das ideias com vocês. Se tinham dúvidas, comentários ou ideias sobre os trabalhos apresentados, tragam para cá! =]

segunda-feira, 6 de março de 2017

E por falar em biodiversidade...


Pois é pessoal,

Nas terceiras fases temos falado sobre a biodiversidade e classificação biológica. A notícia que compartilho foi publicada já faz 1 ano, mas é muito significativa. Depois de um intenso trabalho de quase 7 anos, um grupo de quase 600 botânicos do Brasil concluiu um levantamento sobre a diversidade de plantas, fungos e algas do Brasil.

O número é impressionante: são 46.097 espécies catalogadas. Bastante, né? Mas o mais impressionante e também dramático (já explico porque...) é que aproximadamente 43% dessas espécies são endêmicas. Ou seja, existem somente aqui, em território nacional. Dá uma espiada na imagem aí embaixo.



A última publicação desse tipo é de 2010 e contava com um número bem menor: 40.989 espécies. Isso quer dizer que em 6 anos esse número cresceu em mais de 10%! Isso quer dizer que surgiram novas espécies de plantas? Pensem o que Lineu e os fixistas pensariam disso... aiaiaiai Nãããããão minha gente! Significa que em um grande esforço científico, mais conhecimento e tecnologia os cientistas foram capazes de identificar novas espécies ou grupos taxonômicos. 

Sim esse trabalho envolve muita energia, dim-dim e tempo! Mas o número vai crescer ainda mais, pois segundo dados, a cada ano os botânicos "descobrem" aproximadamente 250 novas espécies. 

Bom, agora vamos falar sobre o dramático da situação! Pois é gente, embora o número de espécies catalogadas só aumente, também aumentam as pressões em relação à nossa flora. Vamos ser sinceros: quantos de nós olhamos de fato para as plantas como seres vivos e não como meros "enfeites". Tudo bem gente, podem confessar... Isso não é um problema. Existe até um termo para caracterizar essa nossa dificuldade em "enxergar" as plantas, a cegueira botânica (vamos discutir sobre isso lá na frente). Claro, as plantas não se movimentam visivelmente, não interagem com a gente então se torna mais difícil vê-las da mesma forma que vemos nosso cachorrinho brincalhão, ou nosso gato genioso.

O fato é que essa extrema dificuldade em ver as plantas faz com que elas estejam sujeitas à pressões contínuas: desmatamento, destruição de hábitats, mudanças climáticas, etc. São pressões que estão interferindo na existência de muitas espécies. Um exemplo dramático pode ajudar a entender:

Aechmea xinguana
ilustrações com morfologia
das estruturas da nova
bromélia descoberta
Enquanto o levantamento era feito, um grupo de botânicos identificou uma espécie nova de bromélia com uma inflorescência vermelha, a Aechmea xinguana, em uma área de mata já coberta pela água do reservatório da usina de Belo Monte, em construção no norte do Pará. Só se salvaram alguns exemplares, mas toda uma espécie desapareceu sob as águas criminosas de Belo Monte... Aqui tem um 3x4 da nova bromélia:

Temos que pensar nisso e cuidar de nossa diversidade botânica. Afinal, o Brasil é o país continental com maior diversidade de espécies de plantas do mundo! Seguido por China, Indonésia, México e África do Sul. Em número de espécies endêmicas, perde apenas para grandes ilhas como Austrália, Madagascar e Papua Nova Guiné, cujo isolamento favorece a formação de variedades únicas, e para apenas uma área continental, o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul. 

Mas como cuidar de toda essa diversidade? Uma dica vem do professor José Rubens Pirani do Instituto de Biociências da USP:
“Não precisamos plantar apenas rosas e azaleias. Cultivar plantas ornamentais nativas em nossas casas, nas ruas e nas margens de estradas é uma forma de preservar a diversidade.”
E aí, que tal olharmos para as plantinhas com olhos de afeto e perceber suas diferenças e individualidades?



quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Calebração do corpo humano IV

Quando eu fiz a postagem anterior pensei "essa vai ser a última sobre a celebração do corpo humano...Vou propor outra coisa na sequência...". Mas a cada dia surgem coisas que se relacionam ao corpo e me deixam boquiaberto!! Então...  sigo na proposta de CELEBRAR O CORPO HUMANO!! =]

Abro um parênteses: se vocês quiserem propor alguma temática, ou algo que considerem interessante relacionando biologia e cultura e arte, sintam-se à vontade. Ou se estiverem gostando, expressem isso comentando aí, para eu saber que vocês estão acompanhando. Vamos dar vida a isso aqui?? =] Fecho o parênteses!

E é aí que eu me pergunto: e quando o corpo ganha novos sentidos e possibilidades somente servindo como muldura para pintura? Em tempos de manipulação de imagem no photoshop, de bundas perfeitas sem celulite de rostos inimaginavelmente sem rugas e sorissos brancos como a neve, é isso que a pintora japonese Choo-san propõe (no tumblr dela existem várias das pinturas e também alguns vídeos todos feitos com várias fotografias, sem o uso do photoshop). Usando somente tinta acrílica e maquiagem, ela cria verdadeiras obras-de-arte hiper-realistas em seu surrealismo sobre seu próprio corpo e de vários modelos.




É incrível como as pinturas são reais e criam verdadeiros mundos em corpos humanos. São corpos que passam a ser habitados por outros seres. Corpos que se tornam somente vestimentas quando ganham zíperes. Corpos que viram autômatos ao ganharem botões, tomadas elétricas e  Corpos que se tornam translúcidos quando permitem ver seus órgãos internos. Ou que se tornam desfigurados ao ganhar mais uma boca, mais dois olhos, etc...

Na filosofia contemporânea existe um conceito: simulacro. Eis sua definição:

O simulacro implica grandes dimensões, profundidades e distâncias que o observador não pode dominar. É porque não as domina que ele experimenta uma impressão de semelhança. O simulacro inclui em si o ponto de vista diferencial; o observador faz parte do próprio simulacro, que se transforma e se deforma com seu ponto de vista (DELEUZE, 1969, p. 264).

Essas pinturas poderiam ser definidas como simulacros de corpos humanos. Corpos humanos que se deformam, que trazem uma impressão de semelhança, mas que têm em si algo que é um diferencial significativo que não podemos dominar.Entende-se um zíper na pele humana? Esse conceito remonta à Antiguidade e vem desde Platão, mas isso é outra história...






Enfim, são corpos que se tornam múltiplos,se abrem em estranhas mutações ocasioandas somente pela precisão de uma artista muito criativa. 

Isso me leva a dois questionamentos:

Primeiro: no que gostaríamos que nossos corpos se transformassem se pudéssemos fazê-lo se tornar alguma dessas ousadas criações?

Segunda: O quanto o uso de ferramentas de edição e manipulação de imagens realmente nos aproxima da criatividade ou só nos faz pasteurizar e homogeneizar mais ainda a arte e as possibilidades de expressão que existem...

Ficam as questões vibrando em corpos surreais hiper-reais... =]

Referência:

DELEUZE, Gilles. Lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 1998. 342 p.












quarta-feira, 22 de junho de 2016

Celebração do corpo humano III

Ainda dentro das postagens celebrando o corpo humano nas múltiplas leituras culturais que se fazem a partir do biológico, trago outro projeto que nos força a pensar e nos coloca em um espaço ambíguo de dúvida e incerteza....

Dessa vez, a proposta é do fotógrafo inglês Phillip Toledano. Em seu projeto "A New Kind of Beuaty" (Um novo tipo de beleza), ele se propõe a fotografar pessoas que abusaram da modificação em seu corpo através da cirurgia plástica.


Nem sempre tivemos a total autonomia e direito sobre nosso corpo. Essaé uma conquista recente na história da humanidade. A noção de corpo próprio (É meu corpo e posso fazer o que quiser com ele) remonta ao renascimento - Século XVI e XVII,aproximadamente. Mas desde então até hoje muita coisa mudou.

O que Toledano apresenta é o outro extremo que vivemos hoje. Seu projeto mostram retratos de corpos humanos manipulados cientificamente, culturalmente e esteticamente para atingir um ideal (doentio - ao meu ver) de beleza. Até que ponto deve (ou pode) ir nosso desejo de corresponder a um esteriótipo, a uma imagem clichê de beleza e de saúde?

O que as fotografias trazem é o limite do que se considera beleza e das formas de atingí-la. Além disso, abre uma discussão ética... Até que ponto deveríamos chegar (enquanto sociedade) nessa obstinada obsessão de beleza a qualquer custo?

Seguem abaixo as fotografias, entremeadas pelo interessante texto cheio de indagações do artista, que está presente em seu site.


"Estou interessado no que podemos definir como beleza, quando decidimos criá-lo nós mesmos."




 A beleza sempre foi uma moeda, e agora que finalmente temos os meios tecnológicos para cunhar a nossa, que escolhas podemos fazer?

É a beleza informada pela cultura contemporânea? Pela história? Ou é definido pela mão do cirurgião? Podemos identificar tendências físicas que variam de década para década, ou é a beleza atemporal?





Quando refazemos a nós mesmos, estamos revelando nosso verdadeiro caráter, ou estamos tirando a nossa própria identidade?






Talvez nós estejamos criando um novo tipo de beleza. Uma amálgama de cirurgia, arte e cultura popular? E se assim for, os resultados são a vanguarda da evolução humana induzida?





domingo, 29 de maio de 2016

Ser ou não ser... vivo: eis a questão dos vírus!


Pois é...

Mais uma vez, um estudo publicado reacende a polêmica dos vírus. São eles seres vivos ou não? Atualmente os critérios utilizados na maioria das discussões escolares sobre o tema gira em torno das características básicas que definem os seres vivos. Todos aqueles que já passaram pelo ensino médio em algum momento discutiram sobre elas: 

Presença de célula e material genético, metabolismo próprio, capacidade de reprodução, evolução, reação a estímulos do ambiente etc... 

O artigo publicado na Revista Science Advances, realizado pelo Professor Gustavo Caetano-Anollés, com a participação do estudante Arshan Nasir, ambos da Universidade de Illinois parece lançar um novo fato no histórico imbróglio. Até o hoje os vírus estão exilados na classificação taxonômica entre os reinos de seres vivos. São algo como os selvagens de Game Of Thrones, não pertencem às grandes casas de Westeros e estão do lado de fora da grande muralha...ou não! Eles até possuem uma classificação taxonômica baseada em diferentes ordens, famílias, gêneros e espécies de acordo com sua forma, estrutura, meios de "reprodução" e estrutura genética (você pode ver aqui essa descrição da taxonomia dos vírus). Mas essa classificação flutua no ar! Sem algo que a enraíze em um grande reino, tampouco sem grandes descobertas sobre as relações evolutivas existentes entre os diferentes vírus. Muito desse desconhecimento se relaciona ao fato de existirem muitos vírus. São apenas 4900 descritos pela ciência, mas se estima que existam mais de 1 milhão desses minúsculos seres aterrorizantes e enigmáticos! 

Pois bem, o grande argumento do novo estudo é significativo para dar um novo desenlace
Exemplo de dobras proteicas de alguns vírus.
para essa história de exílio dos vírus. Os pesquisadores usaram um grande conjuntos de estruturas proteicas chamadas de "dobras" que são encontradas e codificadas no genoma de todas as células e vírus. As dobras são blocos estruturais que fornecem às proteínas suas formas complexas, tridimensionais. Ao comparar as estruturas de dobra em diferentes ramos da árvore da vida, os pesquisadores conseguiram reconstruir as histórias evolutivas do código genético das dobras nos diferentes organismos.


Por quê as dobras?

Como sabemos, uma das características mais interessante dos vírus e que faz com que tenhamos que nos preocupar todos os anos com vacinas de gripe blá blá blá é sua gigantesca capacidade de mutação! O genoma dos vírus modifica-se continuamente durante seu processo de infecção, ao passar de uma célula a outra. Porém, as estrutura proteicas responsáveis pelas dobras são menos suscetíveis às mutações, pois são responsáveis pela estrutura proteica dos vírus, ou seja àquilo que lhes dá forma. Seu lindo "corpinho" viral. 

No trabalho, os pesquisadores analisaram todas as dobras conhecidas em 5.080 organismos representando todos os ramos da árvore da vida, incluindo 3.460 vírus. Usando métodos de bioinformática avançados, eles identificaram 442 dobras de proteínas que são compartilhados entre as células e os vírus, e 66 que são exclusivas para vírus. Isso significa que embora os vírus apresentem estruturas exclusivas, eles compartilham grande parte delas com as células de outros organismos. A análise revelou sequências genéticas de vírus que são diferentes de qualquer coisa vista em células. Isto contradiz uma hipótese de que os vírus capturem todo o seu material genético de células. Este e outros resultados também apoiam a ideia de que os vírus são "criadores de novidade", disse ele.

A estrutura das proteínas virais em diferentes vírus.
Os dados sugerem "que os vírus se originou a partir de múltiplas células antigas ... e co-existiam com os antepassados ​​das células modernas", disse Caetano-Anollés. Os dados também sugerem que em algum momento de sua história evolutiva, não muito tempo depois da vida celular moderna surgir, a maioria dos vírus ganhou a habilidade de encapsular-se em coberturas de proteína que protegiam suas cargas genéticas, permitindo-lhes passar parte do seu ciclo de vida fora das células hospedeiras e se espalhar, disse Caetano-Anollés. As dobras de proteínas que são únicas para vírus incluem aqueles que formam os capsídeos virais. "Estes capsídeos tornaram-se cada vez mais sofisticados com o tempo, permitindo que os vírus se tornassem infecciosos à células que já haviam se tornado resistentes a eles", disse Nasir. "Esta é a marca do parasitismo."


Ser... Ou não ser: parasita obrigatório

Alguns cientistas argumentam que os vírus não sejam vivos por não serem capazes de se "reproduzir" (replicar) fora das células hospedeiras, dependendo da maquinaria metabólica celular para a construção de suas proteínas virais. No entanto, muitas evidências apoiam a ideia de que os vírus não sejam tão diferentes de outros seres vivos, disse Caetano-Anollés.

"Muitos organismos necessitam de outros organismos para viver, incluindo bactérias que vivem no interior das células e fungos que se envolvem em relacionamentos parasitas obrigatórios - eles dependem de seus hospedeiros para completar seu ciclo de vida" todo mundo que já acompanhou algum dos diversos apocalipses zumbis sabe muito bem disso, disse ele. "E é isso que os vírus fazem."

Ser... Ou não ser: a eterna questão

Com base nas dobras proteicas o que se sugere é que os vírus realmente teriam grande relação evolutiva com as células, precisando, dessa forma, ser incluídos dentro da classificação taxonômica. Foi isso que os pesquisadores fizeram. Utilizando os dados de proteínas disponíveis em bases de dados online e a partir de métodos computacionais, Nasir e Caetano-Anollés construíram árvores de vida que incluem os vírus.

Isso resolve a questão? Acredito que não, pois a ciência continuamente está entrando em controvérsias e discussões que são fundamentais para que novas descobertas, mudanças e novos estudos aconteçam. Porém, uma coisa é fato: já é hora de os livros didáticos serem revistos ao apresentar os vírus para as novas gerações.