Pessoal, sobre a discussão que tivemos em aula a partir de uma pergunta do Adriano, lembram?
Sobre os animais pensarem ou não. Hoje li uma frase na minha agenda e lembrei...
A frase é do José Saramago:
"O que realmente nos separa dos animais é a nossa capacidade de esperança."
Mais palha pra discussão. Vamos trazer ela pro virtual? E então, o que será que nos diferencia dos animais e será que realmente podemos pensar que eles não pensam? Por que será que o Saramago colocou esta possibilidade?
Está aberta a sessão! =)
Acredito que ambos (o ser humano e os outros tipos de animais) tem um senso de percepção equivalente, cada um com noções e nuâncias diferenciadas. A questão sobre o pensamento ou ausência dele, é bem ampla porque traz outra questão consigo, O que é Pensar?
ResponderExcluirComo podemos nos auto definir seres pensantes só por causa que achamos ser, e tirar os animais disso porque não temos formas de comunicação consideradas "legitimas" com eles?
O ser humano em sua cultura trata a sí mesmo como o opus magnum da criação e a única razão e forma de se achar constantes, razões, respostas e resoluções... Mas estas não existem numa perspectiva geral em natureza, nada tem uma forma exata e pré estabelecida, o universo é formado de axiomas fora de controle da percepção humana. Uma tentativa de elevação da importância do pensamento humano é apenas uma elevação do ego e tentativa de criação de esperança eterna de prevalecer sobre todos os outros seres vivos.
ass.:Rafael Cardoso
Muito bom seu comentário Rafael! Concordo com praticamente tudo que você trouxe. É muito sutil pensar nisso pois culturalmente estamos imersos em um tendência antropocêntrica, mas realmente. Esta discussão só é possível pois já partimos de um local diferente e pretensamente superior em relação aos outros animais Não esqueça que também somos um deles...). A questão traz esta que você colocou "o que é pensar", além disso traz a necessidade definirmos pensamento, definirmos o que caracterizamos como pensamento PARA o ser humano, enfim...uma série de categorias que precisam estar presentes na discussão.
ResponderExcluirPor outro lado, realmente uma discussào como esta só cabe na tentativa de buscarmos, enquanto sere humanos, afastarmo-nos cada vez mais daquilo que nos aproxima de tudo e tentarmos criar um espaço em que possamos entender e compreender tudo à nossa volta (coisa impossível e improvável na minha opinião). Essa é uma tentativa que a ciência leva a cabo da forma como conhecemos há aproximadamente 5 séculos e, mesmo tendo gerado coisas maravilhosas como estas letrinhas que escrevo agora, também nos traz um grande desconforto quando nos sentimos não mais fazendo parte de algo que nos compõe também.
O que quero dizer com isso é que também precisamos dar espaço para uma necessidade que nos compõe: a necessidade de nao entendimento, de dúvida, de incerteza, de erro e de possibilidade de ver o mundo não como algo a ser entendido, mas sim a ser sentido. E acho que a frase do Saramago, assim como a arte de forma geral, diz um pouco disso.... Desconstroi uma necessidade extremada da ciência em detrimento de uma resposta incerta, vaga, aberta e indeterminada!
"O que realmente nos separa dos animais é a nossa capacidade de esperança."
ResponderExcluirA citação pode ser entendida de algumas formas... acredito que o que deve ser focado é o significado de ESPERANÇA:
esperança (es-pe-ran-ça)
s. f.
expetativa de um bem que se deseja: a esperança é grande consoladora.
Objeto dessa espera: aí está toda a minha esperança.
Uma das três virtudes teologais.
Bras. Inseto ortóptero da família dos locústidas.
Estar de esperanças, achar-se grávida (a mulher).
Fonte: http://www.dicionarioweb.com.br/esperanca.html
Acredito que esperança é algo que se pode restringir como um sentimento extremamente contextualizado no sentido humano e que se torna difícil na transcrição pra outro organismo.
Se esperança é algo que pode considerar "bom" e pode nos trazer benefícios, o significado é deveras abundante... Podemos dizer que todo organismo que está vivo e tende a continuar, e sobre isso uma auto-consiência, podemos dizer que ele tem esperança, pois é algo que ele deseja fazer e que ele sabe que pode acontecer... Isso na maioria das situações.
ass.: Rafael Cardoso
Bom, você trouxe outra categoria! A questão da esperança, acho que cabe muito bem teu comentário. A esperança pode estar presente neste sentido que você colocou: auto-perpetuação. Mas acho que uma coisa é importante.
ResponderExcluirPorém, nesse caso em específico e retomando o que eu comentei anteriormente, vejo um paradoxo. A medida que tentamos cada vez mais entender e definir a frase e esse axioma (o que nos separa dos animais), mais nos separamos deles e contraditoriamente também nos aproximamos, pois realmente em certa medida este axioma não tem uma resposta. Em determinado sentido nada nos separa deles, em outros, tudo. Nesse especificamente, o que nos separa é isto que estamos fazendo esta capacidade de abstração, simbolização e discursividade representativa.
Porém, o que eu acho mais bonito na frase do Saramago é a idéia da arte. A arte tem esse poder: consegue retrabalhar as coisas os sentidos para que eles percam seu peso e densidade significativa. Com isso podemos, cada um entender a ESPERANÇA da forma como nos convier. Você trouxe uma série de definições, para mim, na frase eu entendo ela como um sentido sensível, de encontro com o outro. Isso nos aproximaria aos animais! Você pode entender de outra forma e qualquer um de outra forma. É a arte, subjetiva.
Por isso acho essa a melhor resposta para o axioma e aquela que realmente faz com que possamos nos diferenciar e aproximar, ao mesmo tempo, dos animais: ao passarmos para este lado subjetivo, aberto e indeterminado, nos aproximamos do outro, pois não há necessidade de verdades, cada um tem a sua, estamos no mesmo nível, no mesmo barco, na mesma situação, eu, tu, eles, animais, humanos, árvores, padras, enfim...
Concordo com o que o Eduardo disse sobre estarmos todos na mesma situação. Muitas vezes nós, seres humanos, sem nem percebermos em meio ao nosso egocentrismo, que acredito que seja algo que ocorre naturalmente com todas as pessoas, ao pensarmos nas outras formas de vida fazemos todo um conceito infundado em nossa cabeça, os imaginando como "coisas" criadas para nos servir, sem seus próprios sentimentos nem desejos. Mas na verdade, quando paramos para pensar, vemos que eles são muito parecido com nós, e vale lembrar que quase todos temos as mesmas origens: segundo a evolução, tudo começou com organismos simples, e então foi rumando progressivamente para diferentes seres com suas próprias peculiaridades, mas isso não quer dizer que um que evoluiu de tal maneira seja melhor que o outro que seguiu um caminho diferente. Acho que este é um tópico interessante para se refletir a respeito e cada um tirar suas próprias conclusões.
ResponderExcluirRicardo Schons Cirio