Pessoal,
Mais uma notícia preocupante e crítica para os rumos ambientais do nosso país...Foi aprovada hoje pela CNTBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) a liberação comercial do eucalipto transgênico. Para quem não conhece, o eucalipto é uma árvore exótica, ou seja, não faz parte da nossa flora nativa. Ela é originária da Austrália e começou a ser introduzida no Brasil ainda no século XIX (1848).
Hoje, o eucalipto é uma das principais monoculturas presentes no Brasil (junto com soja, cana-de-açúcar, milho, pinus...) ocupando uma área de mais de 5 milhões de hectares em franca ampliação, principalmente no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. A madeira do eucalipto é muito usada para fabricação de papel, indústria moveleira, de construção civil, produção de carvão vegetal, entre outras. Sendo as principais empresas relacionadas ao plantio de Eucalipto a Aracruz Celulose, Suzano Celulose e Arcelor Mittal.
Embora a utilização da madeira proveniente do reflorestamento seja necessária, é fato que a forma com que é feito o manejo das áreas plantadas traz inúmeras consequências para a flora e fauna nativa e até mesmo para pequenos produtores rurais.
O eucalipto é uma árvore de rápido crescimento e que se for plantada sem os devidos cuidados pode trazer problemas sérios para o ambiente como: erosão, empobrecimento do solo e grande utilização de água.
A aprovação da liberação para comercial do eucalipto transgênico é algo extremamente preocupante por diversos motivos. A
liberação foi solicitada pela FuturaGene Brasil Tecnologia Ltda, empresa
de biotecnologia da Suzano Papel e Celulose. De acordo com nota
divulgada pelo órgão, foram 18 votos a favor e 3 contra. A espécie
liberada é a Eucalyptus spp L., contendo um gene da planta Arabidopsis
thaliana.
O Brasil é o primeiro país do mundo a liberar o eucalipto
geneticamente modificado. Segundo os
técnicos da FuturaGene, o eucalipto modificado tem 20% mais de
produtividade e poderá ser usado na produção de madeira, papel, entre
outros itens. Porém, a que custo? Os estudos realizados para a liberação do plantio do eucalipto ainda são um tanto obscuros... Embora a empresa tenha feito estudos sobre o desenvolvimento dos eucaliptos transgênicos e tentado projetar as consequências de seu uso, é muito difícil supor como ele se comportará no ambiente, pois árvores são organismos que apresentam um ciclo e vida longo (no caso das espécies transgênicas de eucalipto, pelo menos 5 anos....).
Enfim, vale dar uma lida nos materiais que deixarei aqui disponíveis para se informar sobre a questão e pensar... quais os reais interesses nessa liberação e a quem realmente isso interessa?
Caros bio-lógicos (espero que com a lógica da ciência).
ResponderExcluirUma avaliação de riscos completa e em linguagem simples está no link abaixo:
http://genpeace.blogspot.com.br/2015/03/perigos-percebidos-e-riscos-reais-do.html
Uma contestação das afirmações do Dr. Kageyama estão abaixo. Estas informações têm a intenção de fomentar a discussão. Abraços.
O Prof. Kageyama argumenta que há dúvidas sobre os riscos do eucalipto GM. Mas há questões que ele levanta que não são da alçada da CTNBio: a questão da comercialização do mel, por exemplo, é assunto do Ministério da Agricultura.
Para fomentar o debate vou comentar algumas das dúvidas que, no entender do professor, subsistem, mas que não existem mais no entender dos demais 18 membros da Comissão que votaram favoravelmente.
a) Afirmação: O consumo de água pelo eucalipto GM pode ser ainda maior do que o do eucalipto convencional, o que pode causar danos ao meio ambiente. Considerações: o fato é que não há nenhuma evidência de que a diferença seja significativa, por todos os dados aportados à CTNBio ou por ela coletados. O lógico é que haja um aumento proporcional à taxa de crescimento, isto é, 20% maio, o que não agrava a crise hídrica, apenas necessita atenção no manejo. Exagerar estas questões não contribui em nada para o entendimento da questão.
b) Afirmação: O pólen dos eucaliptos geneticamente modificados pode ser transportado por quilômetros por insetos e podem contaminar o mel orgânico. Considerações: Toda a bibliografia pertinente aponta para uma polinização a distâncias sempre inferiores a 600 m. Além disso, todos os apicultores sabem evitar que suas abelhas pastem em floradas indesejadas. E os agricultores orgânicos têm a OBRIGAÇÃO de posicionar suas colmeias a uma grande distância de qualquer plantio convencional, onde se usa agrotóxicos e fertilizantes químicos, independente de ser transgênico ou não. A ideia de uma polinização a longa distância é, assim, errônea, e a inevitabilidade de uma “contaminação” do mel, uma completa fantasia.
c) Afirmação: De acordo com dados divulgados pelo Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), o Brasil é o maior produtor de mel orgânico, só no ano passado foram 16 mil toneladas de mel de eucalipto. Considerações: O MST não é autoridade em dizer quanto mel orgânico é produzido no país: nem o SEBRAE, nem o MAPA, nem a ABEMEL sabem quanto se produz de orgânico em relação ao convencional, mas seguramente é bem pouco. Além disso, a frase diz que o Brasil é o maior produtor de mel orgânico: muito bem, maior que quem? O Prof. Kageyama mudou sua fonte de informação: antes ele citava o SEBRAE e a ABEMEL, mas depois que denunciamos que estas fontes não tinham as informações que ele repassa ao público, agora cita o MST...
d) Afirmação: O problema da certificação poderá chegar também ao mercado externo. Considerações: Este não é um problema de riscos do OGM e, assim como a questão do mel, é puramente comercial. Mas aqui também o Prof. Kageyama se equivoca – A FSC está ansiosa por certificar o eucalipto transgênico (http://www.fsc-watch.org/archives/2009/07/23/Local_organisations_) porque brevemente uma boa parte do mundo estará usando estas plantas e a FSC vive do dinheiro dos produtores. Tão simples quanto isso.
e) Afirmação: O precedente aberto com a decisão da CNTBio preocupa porque abriria as portas da CTNBio para novos eucaliptos. Considerações: Errado – as avaliações são feitas caso a caso. É claro que os aspectos inerentes à biologia da planta já terão sido amplamente discutidos, mas os aspectos específicos dos novos eventos terão de toda forma que ser avaliados.
Tudo isso foi detalhadamente discutido na CTNBio e os aspectos relevantes à avaliação de risco levados em consideração nos pareceres dos quatro relatores. Como as preocupações eram infundadas, o voto contrário foi vencido com ampla margem de diferença (18X3).