sexta-feira, 10 de abril de 2015

CTNBio aprova comercialização de eucalipto transgênico

Pessoal,
 
Mais uma notícia preocupante e crítica para os rumos ambientais do nosso país...Foi aprovada hoje pela CNTBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) a liberação comercial do eucalipto transgênico. Para quem não conhece, o eucalipto é uma árvore exótica, ou seja, não faz parte da nossa flora nativa. Ela é originária da Austrália e começou a ser introduzida no Brasil ainda no século XIX (1848).
 
Reflorestamento de eucalipto em Mogi das Cruzes,SP.
Plantações como essa são chamadas de desertos verdes,
pois embora sejam florestas, não apresentam quase nenhuma
biodiversidade ou capacidade de manutenção ecológica...
 
 
Hoje, o eucalipto é uma das principais monoculturas presentes no Brasil (junto com soja, cana-de-açúcar, milho, pinus...) ocupando uma área de mais de 5 milhões de hectares em franca ampliação, principalmente no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. A madeira do eucalipto é muito usada para fabricação de papel, indústria moveleira, de construção civil, produção de carvão vegetal, entre outras. Sendo as principais empresas relacionadas ao plantio de Eucalipto a Aracruz Celulose, Suzano Celulose e Arcelor Mittal.
 
Embora a utilização da madeira proveniente do reflorestamento seja necessária, é fato que a forma com que é feito o manejo das áreas plantadas traz inúmeras consequências para a flora e fauna nativa e até mesmo para pequenos produtores rurais.
 
O eucalipto é uma árvore de rápido crescimento e que se for plantada sem os devidos cuidados pode trazer problemas sérios para o ambiente como: erosão, empobrecimento do solo e grande utilização de água.
 
A aprovação da liberação para comercial do eucalipto transgênico é algo extremamente preocupante por diversos motivos. A liberação foi solicitada pela FuturaGene Brasil Tecnologia Ltda, empresa de biotecnologia da Suzano Papel e Celulose. De acordo com nota divulgada pelo órgão, foram 18 votos a favor e 3 contra. A espécie liberada é a Eucalyptus spp L., contendo um gene da planta Arabidopsis thaliana.
 
 
O Brasil é o primeiro país do mundo a liberar o eucalipto geneticamente modificado. Segundo os técnicos da FuturaGene, o eucalipto modificado tem 20% mais de produtividade e poderá ser usado na produção de madeira, papel, entre outros itens. Porém, a que custo? Os estudos realizados para a liberação do plantio do eucalipto ainda são um tanto obscuros... Embora a empresa tenha feito estudos sobre o desenvolvimento dos eucaliptos transgênicos e tentado projetar as consequências de seu uso, é muito difícil supor como ele se comportará no ambiente, pois árvores são organismos que apresentam um ciclo e vida longo (no caso das espécies transgênicas de eucalipto, pelo menos 5 anos....).
 
Enfim, vale dar uma lida nos materiais que deixarei aqui disponíveis para se informar sobre a questão e pensar... quais os reais interesses nessa liberação e a quem realmente isso interessa?
 
 
 
 
 
 
 

Um comentário:

  1. Caros bio-lógicos (espero que com a lógica da ciência).

    Uma avaliação de riscos completa e em linguagem simples está no link abaixo:
    http://genpeace.blogspot.com.br/2015/03/perigos-percebidos-e-riscos-reais-do.html

    Uma contestação das afirmações do Dr. Kageyama estão abaixo. Estas informações têm a intenção de fomentar a discussão. Abraços.

    O Prof. Kageyama argumenta que há dúvidas sobre os riscos do eucalipto GM. Mas há questões que ele levanta que não são da alçada da CTNBio: a questão da comercialização do mel, por exemplo, é assunto do Ministério da Agricultura.

    Para fomentar o debate vou comentar algumas das dúvidas que, no entender do professor, subsistem, mas que não existem mais no entender dos demais 18 membros da Comissão que votaram favoravelmente.

    a) Afirmação: O consumo de água pelo eucalipto GM pode ser ainda maior do que o do eucalipto convencional, o que pode causar danos ao meio ambiente. Considerações: o fato é que não há nenhuma evidência de que a diferença seja significativa, por todos os dados aportados à CTNBio ou por ela coletados. O lógico é que haja um aumento proporcional à taxa de crescimento, isto é, 20% maio, o que não agrava a crise hídrica, apenas necessita atenção no manejo. Exagerar estas questões não contribui em nada para o entendimento da questão.

    b) Afirmação: O pólen dos eucaliptos geneticamente modificados pode ser transportado por quilômetros por insetos e podem contaminar o mel orgânico. Considerações: Toda a bibliografia pertinente aponta para uma polinização a distâncias sempre inferiores a 600 m. Além disso, todos os apicultores sabem evitar que suas abelhas pastem em floradas indesejadas. E os agricultores orgânicos têm a OBRIGAÇÃO de posicionar suas colmeias a uma grande distância de qualquer plantio convencional, onde se usa agrotóxicos e fertilizantes químicos, independente de ser transgênico ou não. A ideia de uma polinização a longa distância é, assim, errônea, e a inevitabilidade de uma “contaminação” do mel, uma completa fantasia.

    c) Afirmação: De acordo com dados divulgados pelo Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), o Brasil é o maior produtor de mel orgânico, só no ano passado foram 16 mil toneladas de mel de eucalipto. Considerações: O MST não é autoridade em dizer quanto mel orgânico é produzido no país: nem o SEBRAE, nem o MAPA, nem a ABEMEL sabem quanto se produz de orgânico em relação ao convencional, mas seguramente é bem pouco. Além disso, a frase diz que o Brasil é o maior produtor de mel orgânico: muito bem, maior que quem? O Prof. Kageyama mudou sua fonte de informação: antes ele citava o SEBRAE e a ABEMEL, mas depois que denunciamos que estas fontes não tinham as informações que ele repassa ao público, agora cita o MST...

    d) Afirmação: O problema da certificação poderá chegar também ao mercado externo. Considerações: Este não é um problema de riscos do OGM e, assim como a questão do mel, é puramente comercial. Mas aqui também o Prof. Kageyama se equivoca – A FSC está ansiosa por certificar o eucalipto transgênico (http://www.fsc-watch.org/archives/2009/07/23/Local_organisations_) porque brevemente uma boa parte do mundo estará usando estas plantas e a FSC vive do dinheiro dos produtores. Tão simples quanto isso.

    e) Afirmação: O precedente aberto com a decisão da CNTBio preocupa porque abriria as portas da CTNBio para novos eucaliptos. Considerações: Errado – as avaliações são feitas caso a caso. É claro que os aspectos inerentes à biologia da planta já terão sido amplamente discutidos, mas os aspectos específicos dos novos eventos terão de toda forma que ser avaliados.

    Tudo isso foi detalhadamente discutido na CTNBio e os aspectos relevantes à avaliação de risco levados em consideração nos pareceres dos quatro relatores. Como as preocupações eram infundadas, o voto contrário foi vencido com ampla margem de diferença (18X3).

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