quarta-feira, 22 de junho de 2016

Celebração do corpo humano III

Ainda dentro das postagens celebrando o corpo humano nas múltiplas leituras culturais que se fazem a partir do biológico, trago outro projeto que nos força a pensar e nos coloca em um espaço ambíguo de dúvida e incerteza....

Dessa vez, a proposta é do fotógrafo inglês Phillip Toledano. Em seu projeto "A New Kind of Beuaty" (Um novo tipo de beleza), ele se propõe a fotografar pessoas que abusaram da modificação em seu corpo através da cirurgia plástica.


Nem sempre tivemos a total autonomia e direito sobre nosso corpo. Essaé uma conquista recente na história da humanidade. A noção de corpo próprio (É meu corpo e posso fazer o que quiser com ele) remonta ao renascimento - Século XVI e XVII,aproximadamente. Mas desde então até hoje muita coisa mudou.

O que Toledano apresenta é o outro extremo que vivemos hoje. Seu projeto mostram retratos de corpos humanos manipulados cientificamente, culturalmente e esteticamente para atingir um ideal (doentio - ao meu ver) de beleza. Até que ponto deve (ou pode) ir nosso desejo de corresponder a um esteriótipo, a uma imagem clichê de beleza e de saúde?

O que as fotografias trazem é o limite do que se considera beleza e das formas de atingí-la. Além disso, abre uma discussão ética... Até que ponto deveríamos chegar (enquanto sociedade) nessa obstinada obsessão de beleza a qualquer custo?

Seguem abaixo as fotografias, entremeadas pelo interessante texto cheio de indagações do artista, que está presente em seu site.


"Estou interessado no que podemos definir como beleza, quando decidimos criá-lo nós mesmos."




 A beleza sempre foi uma moeda, e agora que finalmente temos os meios tecnológicos para cunhar a nossa, que escolhas podemos fazer?

É a beleza informada pela cultura contemporânea? Pela história? Ou é definido pela mão do cirurgião? Podemos identificar tendências físicas que variam de década para década, ou é a beleza atemporal?





Quando refazemos a nós mesmos, estamos revelando nosso verdadeiro caráter, ou estamos tirando a nossa própria identidade?






Talvez nós estejamos criando um novo tipo de beleza. Uma amálgama de cirurgia, arte e cultura popular? E se assim for, os resultados são a vanguarda da evolução humana induzida?