quarta-feira, 24 de abril de 2013

Série Fotográfica À flor da pele

A cor da pele importa?



Em tempos de cotas, reinsurgência de posicionamentos extremistas (leia-se "Felicianistas", ) volta-se à essa "antiga" questão.

Mas também dizer que a cor da pele não significa nada em nossa sociedade marcada por uma colonização complexa e miscigenada é ser, no mínimo, superficial e parcial. Sempre estamos questionando e nos perguntando sobre nossas diferenças mais básicas, porque seria diferente em relação à cor?

Nas três turmas de quarta fase com as quais estou trabalhando nesse semestre, surgiram questões sobre a genética relacionada à cor da pele. Sendo que talvez a questão mais instigante seja aquela referente ao albinismo.

Como já conversamos em sala, o albinismo se caracteriza pela falta de uma enzima que produz a melanina, ou seja, o pigmento responsável pela coloração da pele, olhos, cabelos, etc.

Nos indivíduos comuns/médios [não entendi o comuns, mas enfim....] o organismo transforma um aminoácido chamado tirosina na substância conhecida por melanina. Para que haja produção de melanina devem ocorrer uma série de reações enzimáticas (metabolismo) por meio dos quais se opera a transformação do aminoácido Y (chamado tyr) em melanina, por intermédio da acção da enzima tirosinase.
Os indivíduos que padecem de albinismo têm este caminho metabólico interrompido, já que sua enzima tirosinase não apresenta nenhuma actividade (ou esta é tão pequena que é insuficiente), de modo que a transformação não ocorre e tais indivíduos ficarão sem pigmentação. (wikipedia)

 É inevitável, ao falar de albinismo, que surja a questão: e os negros, podem ser albinos? Pois bem, também já conversamos sobre isso. A partir do momento em que o albinismo é uma herança genética, determinada por um gene recessivo, é possível sim. Inclusive, extrapolando ainda mais, o albinismo está presente em praticamente todos os grupos animais. Como no caso do famoso Gorila Albino, Floquito de Nieve, morto em 2003 em decorrência de um câncer de pele (sim, o albinismo aumenta a chance de ocorrerem doenças de pele, pois uma das funções da melanina no corpo é nos proteger contra a incidência da radiação solar).

Finalizada a explicação biológica, apresento a série de fotografias À Flor da pele, feita pelo fotógrafo Alexandre Severo em 2009. Ele acompanhou uma família de Olinda, PE da qual fazem parte os três galeguinhos de Olinda - três filhos albinos de um casal de negros que tem cinco filhos.

Podemos percebê-los como a diferença que se expressa. Como a potência da mudança. Como o deslocamento de possíveis olhares e perspectivas. Como não? A negritude, principalmente no nordeste, é rapidamente associada à pobreza, miséria, e carência. E quando em meio a todos esses atributos às vezes contraditórios e covardes, surge uma diferença (a cor da pela no caso) que simplesmente por ser, altera nosso entendimento sobre eles?

Nas palavrasdo jornalista João Valadares [disponível no site da série de fotografias], essas crianças:

Nasceram sem cor, numa família de pretos. Três irmãos que sobrevivem fugindo da luz, procurando alegria no escuro. O mais novo diz que é branco vira-lata. Os insultos do colégio viraram identidade. A mãe cochicha que são anjinhos. Eles têm raça sim. São filhos de mãe negra. O pai é moreno. Estiraram língua para as estatísticas e, por um defeito genético, nasceram albinos. Negros de pele branca. A chance dos três nascerem assim na mesma família era de uma em um milhão. Nasceram. Dos cinco irmãos, apenas a mais nova é filha de outro pai. Esta é a história do contrário.
Enfim, deixo-os com as belas fotografias da história do contrário. O contrário que também faz parte da vida e por vezes nos desestabiliza. 













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